Francisco Carlos - Cadeira - 20 - Academia Macauense de Letras e Artes

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Francisco Carlos

Membro da Cadeira No 20 - Patrono Walter Wanderley
Dados Biográficos do Acadêmico
Francisco Carlos Oliveira de Sousa.
 
 
Dados biográficos
 
 
Nasci em 1960, na cidade litorânea de Macau (Rio Grande do Norte), e lá permaneci até o ano de 1971. Terceiro dos seis filhos de José Gomes de Souza e Maria de Lourdes de Souza, herdei de meus pais princípios de educação familiar e social, resultantes daquilo que o educador Dermeval Saviani define como atividade pedagógica primária.
 
Ainda na infância, minha educação familiar foi complementada pela de outras instituições educativas, como a Igreja Católica, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração do Sal de Macau, do qual meu pai era funcionário, e aquela instituição que se expressa na forma clássica da escola formal.
 
A educação escolar primária (de 1965 a 1972) teve início na escolinha doméstica de Dona Maria Degas, como era mais conhecida a senhora Maria Barbosa Alves, minha segunda professora (a primeira fora minha mãe), onde eu e meus irmãos iniciamos as aquisições básicas da leitura, da caligrafia e da aritmética, conhecimentos que foram ampliados no Ginásio Nossa Senhora da Conceição, então dirigido pelo padre João Penha Filho, pároco de Macau, e no Instituto Monsenhor Honório.
 
Nessa época, uma intercorrência fez-se marcante. O processo de mecanização das salinas provocou uma crise sem precedentes no município de Macau, gerou desemprego em massa e desarticulou o Sindicato dos Salineiros.  Atingida pelos efeitos do expressivo êxodo ocorrido, fenômeno social que mais tarde eu definiria como a “diáspora macauense”, em junho de 1971, nossa família migrou para Natal. Na capital potiguar, uma das primeiras providências de meus pais foi matricular os filhos em escola pública. Só então concluímos o denominado 1º grau menor, no Grupo Escolar Café Filho[1] (na fronteira entre o bairro Rocas e a comunidade de Brasília Teimosa), e, em seguida, após aprovação no Exame de Admissão, o 1º grau maior, no Instituto Padre Monte[2] (na divisa entre os bairros Rocas e Ribeira).
 
Essa primeira educação formal, estruturada como normativa, sistematizada por séries e programas de estudos, conduziu-me, certo tempo depois, ao ingresso na mais conceituada instituição escolar profissionalizante do estado. Assim é que, em 1977, já adolescente, ingressei, por processo seletivo, no 2º grau da então denominada Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN)[3], no curso técnico em Edificações.
 
Mas a euforia familiar inicial resultou em desapontamento, pois minhas fragilidades nas ciências exatas impediam minha permanência na Escola Técnica e me direcionavam para as humanidades. A ETFRN de outrora tornava-se, doravante, uma menção ímpar em minha formação escolar. Nessa instituição, ciente das dificuldades com as disciplinas das ciências exatas, percebi os roteiros formativos a seguir. Assim, diante das aludidas dificuldades, saí da ETFRN, para só retornar após transcorridas três décadas.
 
Antes disso, em 1980, impelido pela necessidade de concluir o curso secundário, estudei o último ano do 2º grau no turno noturno do Instituto Padre Monte, no qual havia cursado o 1º grau maior. Meu intento era concluir essa etapa do ensino e prestar o vestibular para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Sem êxito na primeira tentativa, e pressionado pelas condições materiais, fui trabalhar na Indústria Têxtil Seridó S/A, empreendimento, à época, vinculado ao grupo empresarial União de Empresas Brasileiras (UEB). Situava-se ali um novo e considerável obstáculo à minha meta de ingressar em uma universidade pública federal.
 
Aqui delineia-se a imagem da fábrica, instituição emblemática do mundo do trabalho, cujo dia a dia revelou-se inóspito às minhas pretensões de estudante de nível secundário. Assim, imerso na rotina fabril, só reuni condições suficientes para suplantá-la doze anos depois, quando a empresa na qual trabalhava já mudara a razão social para Coteminas do Nordeste S/A. Nesse ínterim, as responsabilidades advindas do matrimônio com Jeane Gomes de Sousa (ocorrido em 1986) e os dois filhos, frutos dessa união, prenderam-me ainda mais ao emprego na fábrica. Era indispensável não correr riscos e garantir o sustento existencial e material de minha família. Mas o roteiro a seguir, então postergado, não esmorecera, de modo que, finalmente aprovado no vestibular, em 1992, ingressei no curso de Licenciatura e Bacharelado em História da UFRN. Embora ainda continuasse trabalhando na indústria têxtil Coteminas do Nordeste S/A, uma nova fase começava e horizontes iam-se ampliando para a desejada formação universitária.
 
Na graduação, ao definir o objeto de estudo para elaboração da monografia, decidi por aquele que marcara a sociedade na qual vivi a infância, ou seja, o processo histórico de construção e desmoronamento da instituição sindical dos trabalhadores de salinas de Macau. Esse trabalho, posteriormente publicado sob o título O Sindicalismo Salineiro no Rio Grande do Norte: 1964-1974[4], com seus fundamentos teórico-metodológicos, proporcionou-me enveredar pelos desafios da pesquisa e da produção do conhecimento histórico.
 
Nos dois últimos anos do curso de História (1995-1996), a ideia de lecionar impôs-se: era preciso decidir entre o labor fabril, no qual atuei por cerca de 14 anos, e o trabalho docente. Escolha feita, em 1996, decidi sair da fábrica e comecei a lecionar no Colégio e Curso Seta, instituição escolar da rede privada, situada na cidade de Parnamirim, região metropolitana de Natal. A conclusão da Licenciatura e Bacharelado em História, realizada em 1997, ia consolidando essa minha decisão profissional. A partir desse ano, por meio de convite ou de processos seletivos, passei a lecionar em colégios particulares da capital do estado.
 
Pouco tempo depois, meus propósitos levaram-me ao primeiro concurso público para professor substituto no Departamento de História da UFRN, categoria profissional para a qual fui aprovado em dois períodos distintos (1999 e 2003). Impelido por obrigações de variadas naturezas, ingressei, em 2000, no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN. No decorrer do mestrado (2000-2002), a instituição pesquisada foi novamente o Sindicato dos Trabalhadores de Salinas de Macau, decisão que permitiu o aprofundamento do trabalho que realizara na pesquisa monográfica de graduação. Na dissertação Das salinas ao sindicato: a trajetória da utopia salineira, realizada sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Brasília Carlos Ferreira, objetivei reconstituir o processo de estruturação e desestruturação da entidade sindical operária, no recorte temporal de 1964-1974.
 
Ainda durante a realização do mestrado, submeti-me a uma série exitosa de quatro concursos públicos, ao mesmo tempo em que renunciei aos vínculos com as instituições privadas de educação. Inclusive, ao cargo de professor de História, em uma instituição de ensino superior privada onde lecionei durante três períodos letivos (2003-2005). No primeiro desses concursos, fui aprovado para a rede pública estadual de ensino; no segundo, para a rede de ensino municipal; já no terceiro, ingressei como historiador no Setor de Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo da Prefeitura de Natal. Ali, posteriormente, fui o responsável pelo Setor de Pesquisa e Estatística, estreitando os vínculos com o ofício de pesquisador. Em 2006, enfim, ingressei na rede federal de ensino, na condição de professor efetivo de História do então Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN), atualmente Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFRN). Essa aprovação em concurso público consolidou meu retorno à instituição que outrora fora a Escola Técnica Federal.
 
O retorno à instituição na qual fora aluno do curso de Edificações nos últimos anos da década de 1970 estimulava-me a qualificação continuada, agora no nível de doutorado. Assim, afinidades da formação acadêmica direcionaram-me para o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, notadamente para a Linha de Pesquisa História da Educação, Práticas Socioeducativas e Usos da Linguagem. Com a aprovação no doutorado em Educação, escolhi a área da história das instituições educativas; de maneira especial, as escolares. Nessa etapa, submeti ao processo de seleção do doutorado o projeto de pesquisa cujo título inicial era A Escola Industrial de Natal sob influência da Segunda Guerra Mundial: a instituição entre o arcaico e a modernização, aprovado com sugestões de alterações.
 
Com a orientação da professora Dr.ª Marlúcia Menezes de Paiva, decidi-me por mudar o recorte cronológico inicialmente estabelecido no projeto, que se deslocaria do período da Segunda Guerra Mundial para a abrangência de um recorte temporal mais extenso, capaz de agregar maior acervo documental para a reconstituição histórica daquela instituição escolar. Por conseguinte, a conclusão e defesa da tese, em 2015, acrescentou um trecho a mais na trajetória iniciada em Macau, nos primórdios da década de 1960.
 
Parte dessa formação acadêmica resultou na elaboração de artigos, como O Sindicalismo Salineiro no Rio Grande do Norte (1964-1974), de 1998, e As Revoluções Burguesas Sob a Óptica de Nicos Poulantzas, de 1999, ambos publicados na revista Caderno de História, pela Editora da UFRN, e do livro Das Salinas ao Sindicato: a trajetória da utopia salineira, publicado em 2007, pela Editora do CEFET-RN. Em coautoria, a publicação da obra Educação Básica de Jovens e Adultos no Contexto da Indústria Petrolífera, em 2008, pelo SESI/DN. No prelo, a tese intitulada Em Nome da Ordem e do Progresso: a formação profissional no percurso da Escola de Aprendizes Artífices à Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1909-1971).
 
 
*Texto adaptado do primeiro capítulo da tese Em Nome da Ordem e do Progresso: a formação profissional no percurso da Escola de Aprendizes Artífices à Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1909-1971).
 

 

   
 
[1] Na mesma edificação de outrora, com algumas reformas, funciona atualmente a Escola Estadual Café Filho.
 
 
 
[2] Atual Escola Estadual Padre Monte.
 
 
 
[3] Esta era a denominação em vigor no período em que estudei na Instituição (1977-1979). Entretanto, desde 1909 – quando de sua criação – até 1999, a Instituição recebeu cinco diferentes denominações.
 
 
 
[4] Artigo publicado pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-EDUFRN, na revista Caderno de História, Natal, n. 2/1, p. 70-90, jul./dez. 1996; jan./jun. 1997, 1998.
 
 
 
 
 
 
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DISCURSO DE POSSE DO ACADÊMICO NA ACADEMIA MACAUENSE DE LETRAS E ARTES – AMLA, PROFERIDO PELO CONFRADE FRANCISCO CARLOS.


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